sábado, 24 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal

Natal, época do ano vivida sempre no grande frenesim da escolha dos presentes, na preparação da ceia, no desejo de passar momentos agradáveis em família e no "desligar" da azáfama do quotidiano. Nesta fase do ano, em que se comemora o nascimento do Deus Menino, não podia deixar de relembrar o Natal, através da poesia.

Música suave

Música suave como a neve
caindo devagar
no espaço breve
de um sonho
prestes a acordar.

Uma flauta chora
nesta noite fria.
O vento canta lá fora
a mesma sintonia.

E eu aqui fel e vinagre
sem ter consolação.
quando, afinal, o milagre
é ouvir o coração.

               António Arnaut


Silêncio de Natal

Não fales Jesus não fales
De que servem as palavras

Deixa as palavras ao vento
aos que este mundo governam

Aprendendo a contemplar-Te
de nada servem palavras

Vale mais o teu silêncio
ainda que seja eterno

             David Mourão-Ferreira



 A todos um Feliz Natal, de Paz e Amor!






domingo, 18 de dezembro de 2011

Procuro...

Percorro as linhas do tempo
à procura do que não encontro dentro de mim
procuro as respostas
para as minhas inquietações
para a minha ânsia de compreender
o impossível do Mundo.

Procuro, procuro
e apenas me encontro
na minha imperfeição de humanidade
e no meu desejo secreto
de lançar palavras ao vento.

L.C. 16 de dezembro de 2011

A ti...

Bebi nas tuas palavras
o gosto pela madrugada
Senti no teu rosto
a imensidão do tempo
perdi-me dentro dos teus olhos
e nunca mais me senti só.


L.C., 16 de dezembro de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Contemplação

O sol esconde-se, timidamente, por entre o recortado das colinas, deixando atrás de si uma sublime mistura de tons cor de fogo. A negro sobressaem as formas irregulares das ramagens dos sobreiros e o vulto de uma casa perdida no meio do monte. Os fios de electricidade estendem-se para o infinito e um ponto brilhante sobressai na paisagem adormecida. Os grilos cantam e envolvem o montado numa melodia serena. O vento sopra levemente, raspa pelas telhas e segue para outras paragens, levando consigo os últimos resquícios do dia. Descobrem-se as sombras que anunciam a noite e tudo adormece num repouso tranquilo, interrompido apenas pelo regougar de uma raposa, pelo piar de um mocho ou pelo latido de um cão. E são estes os sons e os rituais que transformam o montado num pedaço de silêncio.

E esta é a paisagem e que contemplo da minha janela, naqueles momentos em que me apercebo dos momentos fugazes de que é feita a existência de todas as coisas.

L.C., 25 de Julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Do "Breviário das Almas", de Joaquim Mestre

         Perdidas nas profundezas da memória do alentejano genuíno estão as palavras de Joaquim Mestre, presentes no “Breviário das Almas”. A solidão humana, os rituais, as crendices e a certeza da efemeridade da vida reflectem-se na simplicidade do seu discurso.

            Deliciemo-nos então com as palavras deste escritor:
   “Ouço os meus passos e o vento passa por entre as ramagens das amendoeiras, pelos pastos, a arrastar os cardos pelas ruas. O vento, de vez em quando, aquieta-se e é apenas uma aragem quente, seca, dura.  Ouço o estalar das madeiras de uma porta ou uma janela a bater. O resto é silêncio e pedras e céu. Um silêncio espesso, pesado, como se fosse possível cortá-lo. As pedras estão por todo o lado: nos caminhos, no cercado, nas casas. O céu está parado e baixo. Nem o vento nem o esvoaçar dos pássaros estremecem o azul. Nem as nuvens se mexem. Tudo quieto como uma fotografia.
      Sento-me no poial de uma casa, olho a porta fechada, a madeira puída pelo tempo, as ervas a rebentarem por entre as pedras da soleira da porta. Ervas daninhas, que outras por aqui já não há, e fico a olhar aquele cemitério de pedras, vozes que ressumam das paredes, múrmurios ciciados que apenas existem dentro de mim. Ninguém. Nada. Morreram todos. Só pedras e casas dentro do silêncio. “

In Joaquim Mestre, Breviário das Almas,
Alfragide, Oficina do Livro, 2009, pp. 97-98.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Paragem involuntária

       Não parei voluntariamente o carro, à sombra de uma árvore, junto a quatro caixotes do lixo, numa avenida citadina. A avenida vai dar ao cemitério, mas eu nem vejo os muros que o rodeiam, para isso teria de percorrer a pé, pelo menos uns cem passos… Não, não parei voluntariamente, foi a máquina que decidiu parar, porque o pedal da embraiagem desapareceu de debaixo dos meus pés. Enquanto espero pela ajuda, fico dentro do carro. Observo os transeuntes que passam na rua, uns mais atarefados, outros menos, outros que caminham calmamente, para cumprir os rituais típicos de um sábado de manhã…

       Avisto um senhor paraplégico que percorre a calçada, depois atravessa a passadeira e continua a sua jornada à velocidade que a engrenagem da cadeira de rodas permite. E fico a admirar, como sempre, todos aqueles que apesar das suas limitações físicas, gozam a independência que lhes é concedida, apesar dos entraves criados pela mentalidade social e pelos obstáculos físicos do pavimento. E escrevo, ainda não sei muito bem sobre o quê, nem sei que título vou dar a este escrito… mas adiante.

       As folhas da árvore ondulam ao sabor do vento e tornam irregular a sua sombra no pavimento alcatroado. Os carros passam, barulhentos nos seus motores, são de todas as cores e feitios, uns de marcas acessíveis ao típico cidadão de classe média baixa e outros apenas acessíveis ao cidadão de classe alta, que adora exibir o seu veículo de alta cilindrada… Mantenho os quatro piscas ligados, para sinalizar a minha paragem involuntária na faixa de rodagem, e estes produzem um som rítmico de tic tac de relógio, tic-tac-tic-tac-tic-tac… Por vezes, os motores desaceleram e ouvem-se travões para permitir a passagem dos peões na passadeira. E agora passa um condutor que vai com tanta pressa que a deslocação do ar faz estremecer o meu Opel imobilizado, por causa de um cabo de embraiagem.
       Vai pela passadeira um homem alucinado, de barba grande, camisola verde, calças de ganga pretas, balbuciando consigo próprio a passo desconcertado.
       Passa uma rapariga jovem de bicicleta, segue o seu caminho calmamente, ao ritmo do seu rítmico pedalar.
       E de repente, nenhum carro a passar, nenhum transeunte, apenas os leves sons das folhas da árvore a ondular ao vento, o cantar dos pássaros, as vozes de três idosos que conversam algures, à sombra de outra árvore, certamente sentados num banco de jardim e, claro, o som compassado dos quatro piscas em simultâneo, para me relembrar que o meu carro está imobilizado na berma de uma faixa de rodagem, à sombra de uma árvore, ao pé de quatro caixotes do lixo, numa avenida citadina, em que por alguns momentos não passou um veículo motorizado.  

L. C., 2 de Julho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

Encontro

Encontro-me no fundo dos meus passos
Caminho em direcção ao despertar
Afago-me nas palavras e nos sonhos
E procuro incessantemente a minha essência.

 Cada vez mais quero ser o que sou
Revelar o que escondo
Renegar os medos e os receios.

Entre a luz e a sombra
Vivo em pleno a minha existência
Alimento as minhas crenças
E desenho a minha criação

 E hoje sei que renasce em mim
A escritora que fui numa outra vida
E a escrita surge renovada
Porque as palavras não se perdem
na imensidão do Tempo.

 L.C., 18 de Junho de 2011

sábado, 18 de junho de 2011

Caminho


Levo na bagagem
a aprendizagem dos dias difíceis
a leveza do caminhar
a rudeza dos passos
e a certeza do caminho.


L.C. , Junho 2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Relembrar a língua francesa

Outrora considerada a língua da cultura e do glamour, a língua francesa tem vindo a perder o seu prestígio em Portugal. O estudo do Francês, enquanto segunda língua estrangeira, tem vindo a perder terreno no nosso país, e tem sido gradualmente (ou melhor, repentinamente) substituída pelo estudo da língua espanhola. Esta mudança é justificada por interesses económicos e políticos e também, entre os alunos, pelo facto de ser considerada mais fácil. O que mais me preocupa em toda esta questão é que se torna cada vez mais difícil motivar os alunos para o estudo desta língua, ao mesmo tempo que vão diminuindo o número de turmas com a opção de Francês nas nossas escolas.

Devido a este facto, e porque sou professora de Francês, apresento apenas 8 (oito) boas razões para estudar Francês no nosso país, utilizando argumentos de carácter cultural, histórico e linguístico.













8 Boas Razões para estudar Francês

1. No mundo de hoje, falar apenas uma língua estrangeira não é suficiente. Um aluno que fale vários idiomas multiplica as suas possibilidades no mercado de trabalho, quer no seu país, quer a nível internacional.

2. A língua francesa, juntamente com a inglesa, é a única língua falada nos cinco continentes. O francês é a nona língua mais falada no mundo e, por essa razão, é uma língua de comunicação internacional. O francês é a língua oficial e/ou administrativa de 29 países, espalhados pelo mundo inteiro.

3. A língua francesa é muitas vezes considerada a língua da cultura. Aprender francês também significa apreender uma viagem cultural aos mundos da literatura, do cinema, da música, da moda, da gastronomia, das artes plásticas, da arquitectura e também das ciências. 


4. Compreender o francês permite ter uma outra visão do mundo, através da comunicação com outros falantes da língua em todos os continentes e do acesso à informação através da Internet, da rádio, da imprensa e de canais de televisão como Tv5 Monde, France 24, Mezzo, MCM, M6 e Arte.
5. O francês serve para comunicar com numerosos turistas que visitam anualmente o nosso país e, também, para nos orientarmos no estrangeiro quando visitamos um país francófono.
6. O francês é uma das línguas de trabalho das organizações internacionais, tais como a UE, a ONU, a UNESCO, a Cruz Vermelha e a OMS.
7. A aprendizagem do francês torna-se fácil devido às semelhanças com o português.


8. A língua francesa é considerada a língua do charme e do glamour.

Instituições de divulgação da língua francesa
- Alliance Française:
Instituição que tem como objectivos principais proporcionar cursos de francês em França e em todo o mundo, para todos os públicos; dar a conhecer a cultura francesa e a cultura francófona e promover a diversidade cultural.

- FrancoFil – la Francophonie académique, culturelle et scientifique:
Centro de recursos sobre a francofonia académica, cultural e científica dos países francófonos.


L.C.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mundos no papel: a escrita e as ilustrações de Pedro Seromenho

O mundo dos livros infanto-juvenis sempre me despertou algum interesse pessoal.
Sempre  adorei aqueles mundos imaginários recriados através das palavras e das ilustrações. E continuo a achar incrível o facto de estes livros nos transportarem para um universo tão longínquo, ao sabor da nossa imaginação. 



A minha curiosidade acerca do mundo dos livros infanto-juvenis foi saciada através do contacto com  o escritor e ilustrador Pedro Seromenho, em duas sessões destinadas ao público infanto-juvenil.

Pedro Seromenho utilizou o dom da palavra e parafraseando o seu livro Porque é que os animais não conduzem  explicou ao público mais infantil como são desrespeitadas as regras de trânsito. E com um toque de magia leu as mentes curiosas das crianças e criou um cenário marinho, onde não faltaram uma sereia e uma estrela do mar.


Numa segunda sessão, apresentou o seu livro 900 – A História de um Rei e encantou o público juvenil com as suas ilustrações a tinta-da-china. E com a tinta-da-china nasceram cenários bélicos, de cavaleiros e castelos, atraentes ao olhar dos jovens adolescentes.

Nas mãos de Pedro Seromenho o marcador ganha vida e à frente dos nossos olhos nasceram um dragão a expelir fogo, sob o olhar de um sol que ainda não tinha despertado…





Tal como as crianças e os adolescentes, também eu fiquei encantada com as ilustrações de Pedro Seromenho.

Pelas palavras do próprio escritor e ilustrador confirmei que não basta ter talento, é também necessário trabalhá-lo, desenvolvê-lo, fazer escolhas e acima de tudo, ter amor pelo que se faz.


Para conhecer melhor a vida e obra de Pedro Seromenho consulte o seguinte blog:
http://seromenho.blogspot.com/

terça-feira, 22 de março de 2011

Ensimesmada

Ao som do Oceano Pacífico e das músicas calmas revisito o meu passado de adolescente e as noites brancas, projectando o futuro e desenhando-o da mesma forma que os meus olhos ingénuos compreendiam o mundo. Não sei se tenho saudades desse tempo de inocência e de incredulidade... Mas esta noite desapego-me da realidade que me circunda e embarco mais uma vez no mundo dos sonhos como se não houvesse amanhã de manhã para acordar…

L.C. Março 2011

Retirado de http://maresiaspoetasportugueses.ning.com/profiles/blogs/sonhos-2

segunda-feira, 21 de março de 2011

Um momento de tranquilidade



É impossível ficarmos indiferentes à doçura desta voz, que tão facilmente chega aos nossos corações!

Este tema é conhecido de todos nós. Quem não se lembra dele no filme "O Feiticeiro de Oz"?

São músicas como esta que nos proporcionam momentos de paz e de tranquilidade, que tanto precisamos para recuperar as nossas energias e enfrentar este mundo complexo em que vivemos...

terça-feira, 8 de março de 2011

Mar - um poema de Sophia, para o Dia da Mulher

Para o dia 8 de Março, Dia da Mulher, não poderia deixar de relembrar as palavras de uma poetisa.

Eis o meu poema preferido de Sophia de Mello Breyner...

Mar

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.  

Sophia de Mello Breyner Adresen, in Mar. Poesia


        imagem retirada de: http://spleenbored-minhaspoesiasfavoritas.blogspot.com/2009/02/praia-deserta.html


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Que futuro para esta geração?!

Deolinda - "Que Parva que sou"
- canção considerada o Hino da Nova Geração.
Vale a pena reflectirmos sobre este fenómeno.

1. A voz e as palavras do artista
Temos o ponto de vista do artista, neste caso do grupo musical português, os Deolinda.
Tema que aborda o desemprego dos jovens licenciados em Portugal e a frustração das suas expectativas profissionais e pessoais.



2. A cobertura da Comunicação Social
2.1. A fuga de jovens licenciados para o exterior à procura do sonho
O fenómeno da emigração de jovens portugueses licenciados para o exterior, devido à ausência de oportunidades de emprego em Portugal. Uma reportagem da SIC, "Geração à rasca".




2.2. Depoiemento de um jovem licenciado desempregado
Jovem licenciado português, desempregado, que se diz inserido na "geração casinha dos pais". Uma reportagem da RTP1.



3. O retrato da realidade
Reportagem da SIC "Geração à rasca", exibida dia 16 de Fevereiro de 2011, no programa "Portugal 2011".




4. O ponto de vista da psicóloga Ana Paula Reis
Peça "Geração à rasca" - a opinião da psicóloga Ana Paula Reis, entrevistada por Mário Crespo, no Jornal das 9, a 18 de Fevereiro de 2011.




Para além da referência ao tema dos Deolinda, a psicóloga refere-se à concretização de expectativas; às características da sociedade actual, com a cultura do imediato, do consumismo e dos estímulos sociais; a gestão dos valores; a educação e finalmente, a atitude do ser humano perante as adversidades.
Não deixa de ser um retrato realista, pautado pelo optimismo e pela crença no ser humano, enquanto indivíduo capaz de encontrar soluções para as adversidades da vida e transformar a realidade.

Vale a pena ouvir e reflectir...

L.C.