quinta-feira, 5 de abril de 2012

Memórias e as vantagens de ser baixa

Remexi no baú das minhas memórias e encontrei este texto que escrevi aos 17 anos, quando ainda era estudante no liceu. Não alterei nenhuma palavra, nem o revi segundo o novo acordo ortográfico, pois ele deve ficar intocado pelo tempo, como se se tratasse de uma fotografia! Durante muito tempo perguntei-me por que razão o tinha escrito e hoje acho que sei porquê...  afinal ter menos de 1,60m de altura não é grave...

As vantagens de ser baixa
            Baixinhas deste meu Portugal! Já alguém vos disse que existem vantagens em ser baixa? Talvez não. Pois eu digo-vos que se pode chegar onde as altas chegam e, às vezes, até se chega mais alto que as grandalhonas. Devem estar a pensar que, por exemplo, para chegarem a um armário, para tirar qualquer coisa são baixas! Então, minhas amigas, para que servem as cadeiras!? É claro que não podem ser top-models, mas em compensação não podem dizer que têm pernas de cegonha, ou que andam com andarilhas. São simplesmente baixas, baixinhas. E quem vos disse que as mulheres se medem aos palmos? E até há quem diga que as baixinhas são mais engraçadinhas! Então, e das altas, o que se diz? Diz-se, no minímo, que têm uma cara interessante, um corpo elegante (normalmente) mas nunca se diz que são engraçadinhas; diz-se que são grandalhonas, e que, por vezes, não cabem em todo o sítio. Por exemplo, se forem entrar pela porta de uma casa um pouco baixa, não devem chegar a entrar, ficam caídas no chão, com um galo na cabeça, isto enquanto as baixinhas entram na dita casa, na maior das tranquilidades.
            É claro que isto das alturas até é um assunto discutível: existem baixas que se consideram baixas, outras que se consideram ainda mais baixas, outras que, de tão modestas que são, se consideram menos altas, outras que até se consideram baixas, apesar de Deus lhes ter concedido o dom de serem um pouco altinhas. Mas também se pode dar o caso de se encontrar o verdadeiro equilíbrio.
            É claro que se se der o caso de alguém escorregar numa casca de banana, lá se vai o equilíbrio, dependendo do pavimento em que se escorrega, por exemplo, numa calçada íngreme ou num espaço liso: para a alta, a queda é maior, e a vítima rebola antes de se levantar, no caso da baixinha, a única coisa que a vítima pode fazer, rapidamente, antes de se levantar, é olhar à volta, para ver se alguém presenciou o incidente. No primeiro caso, nem essa possibilidade deve ter, com as tonturas que lhe dá.
            Mas deixando as cascas de banana de lado, pensemos no assunto de outra maneira. Uma mulher baixa pode ser empresária, tal como uma alta, uma mulher baixa pode conduzir um automóvel, embora possa parecer uma mosca lá dentro, a mulher alta também pode conduzir o automóvel, mas se for um mini está arriscada a não caber lá dentro.
            Pois é, minhas amigas, isto de ser baixa, afinal não é mau de todo: ser alta tem as suas vantagens e desvantagens, tal como ser baixa!
            E não se esqueçam que podem chegar onde as altas chegam, embora por vezes, com ajudas; podem passar por mais novas, coisa que as altas não podem; podem chamar-lhes nomes fofinhos, mas em compensação, não lhes podem chamar dinossaurias ou Barbies esqueléticas.
                     
              Nesta coisa de alturas, na perspicácia é que está o segredo.

 L.C., aos 17 anos (199_)