quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pedra Filosofal

Num manhã chuvosa de agosto, em que, por momentos me deixei levar pela nostalgia do meu pensamento, acordou na minha memória este lindo poema de António Gedeão, chamado a "Pedra Filosofal" (Movimento Perpétuo, 1956).

Para muitos de nós este poema ficou eternizado pela voz de Manuel Freire.





Ouvi atentamente este poema musicado e não pude deixar de pensar que a sua mensagem é intemporal, que nos toca em todos os momentos da nossa existência: afinal a capacidade de sonhar faz parte da natureza humana.
Podemos ler/ouvir este poema e refletir sobre o significado do seu título, pois a pedra filosofal é um objeto místico descrito pelos alquimistas na Idade Média, como sendo capaz de transformar qualquer metal em ouro. No entanto, essa substância mágica nunca foi encontrada ou recriada e por isso continua presente no imaginário humano. No poema de António Gedeão, a concretização do sonho manifesta-se das mais variadas formas, que vão desde a arte, a arquitetura e a música até à ciência náutica e à astronomia. O poeta não deixa de defender que o sonho comanda a vida, que se trata de  uma coisa "concreta e definida", e "que sempre que o homem sonha, /o mundo pula e avança".  Tal como a pedra filosofal, da qual não se conhece a matéria que a constitui e que continua a fazer sonhar as mentes humanas, o mesmo se passa com o sonho, pois só ele permite elevar as nossas capacidades  e criar sempre algo de novo que transforme o nosso pequeno mundo.

L.C.

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