III. Sobre a Aventura da Aprendizagem e do Crescimento
Aprender é uma aventura
«Mas aprender é uma aventura. Temos de aprender, até
certo ponto, a ganhar-lhe o gosto, pois toda a aventura consiste em entrar pelo
desconhecido adentro. Se soubermos sempre de forma exacta aonde vamos, como lá
havemos de chegar, e o que veremos ou experimentaremos ao longo do caminho, não
se trata de uma aventura. É intrinsecamente humano – e inteligente – ter medo
do desconhecido, ficar nem que seja um bocadinho assustado quando se embarca
numa nova aventura. Mas é só com as aventuras que aprendemos muita coisa
importante, é só nelas que podemos ficar expostos ao novo e ao inesperado.»
(p.152)
O conceito de coragem
«Algo que nunca deixa de me espantar é a forma como
relativamente poucas pessoas compreendem o que é a coragem. A maior parte pensa
que é a ausência de medo. Ausência de medo não é coragem; ausência de medo é
algum tipo de lesão cerebral. A coragem
é a capacidade de avançar apesar do medo, ou apesar da dor. Quando o
fazemos, descobrimos que ultrapassar o medo não só nos torna mais fortes como é
um grande passo em direcção à maturidade.
(…) Estou convencido de
que aquilo que mais caracteriza as pessoas imaturas é o facto de ficarem sentadas
queixando-se de que a vida não corresponde às suas exigências. Pelo contrário,
aquilo que caracteriza aqueles felizes poucos que são totalmente maduros é o
facto de considerarem sua responsabilidade, e mesmo oportunidade – responder às
exigências da vida. Na verdade, quando
nos apercebemos de que tudo o que nos acontece foi concebido para nos ensinar
aquilo que precisamos de saber na nossa viagem vida fora, começamos a encarar a
vida de um ponto de vista completamente diferente.» (p.158)
A dor de viver
«Como escrevi em The
Road Less Traveled [O Caminho Menos Percorrido], a vida é difícil porque consiste numa série de
problemas, e o processo de confrontar e resolver problemas é um processo
doloroso. Os problemas, dependendo da sua natureza, evocam em nós muitos
sentimentos desconfortáveis: frustração, dor, tristeza, solidão, culpa,
arrependimento, cólera, medo, ansiedade, angústia ou desespero. Estes
sentimentos são muitas vezes tão dolorosos como qualquer tipo de sofrimento
físico. Na verdade, é por causa da
dor que os eventos ou os conflitos engendram em nós, que lhes chamamos
problemas. No entanto, é neste processo de confrontar e resolver problemas que
a vida encontra o seu sentido. Os problemas fazem apelo à nossa coragem e à
nossa sabedoria; na verdade, criam a nossa coragem e a nossa sabedoria. Os
problemas são o fio da navalha que marca a diferença entre sucesso e falhanço.
É só devido aos problemas que crescemos mental e espiritualmente.
A alternativa – não confrontar as exigências da vida nos
termos da vida – significará que acabaremos a perder, mais frequentemente do
que o contrário. A maioria das pessoas tenta iludir os problemas, em vez de
encará-los de frente. Tentamos libertar-nos deles, em vez de os enfrentarmos,
ainda que com sofrimento. Na verdade, a tendência para evitar problemas e o
sofrimento emocional que lhes está associado é a base fundamental de todas as
enfermidades psicológicas. E uma vez que a maior parte de nós sofre desta
tendência em maior ou menor grau, a maioria de nós não goza de uma saúde mental
total. Os mais saudáveis aprendem não a recear, mas na verdade a encarar os
problemas com satisfação. Muito embora o triunfo não esteja garantido de cada
vez que enfrentamos um problema na vida, os mais sábios têm a noção de que só
através da dor que implica confrontar e resolver problemas é que aprendemos e
crescemos.» (p.179)
L.C., 5 de junho de 2013