segunda-feira, 25 de julho de 2011

Contemplação

O sol esconde-se, timidamente, por entre o recortado das colinas, deixando atrás de si uma sublime mistura de tons cor de fogo. A negro sobressaem as formas irregulares das ramagens dos sobreiros e o vulto de uma casa perdida no meio do monte. Os fios de electricidade estendem-se para o infinito e um ponto brilhante sobressai na paisagem adormecida. Os grilos cantam e envolvem o montado numa melodia serena. O vento sopra levemente, raspa pelas telhas e segue para outras paragens, levando consigo os últimos resquícios do dia. Descobrem-se as sombras que anunciam a noite e tudo adormece num repouso tranquilo, interrompido apenas pelo regougar de uma raposa, pelo piar de um mocho ou pelo latido de um cão. E são estes os sons e os rituais que transformam o montado num pedaço de silêncio.

E esta é a paisagem e que contemplo da minha janela, naqueles momentos em que me apercebo dos momentos fugazes de que é feita a existência de todas as coisas.

L.C., 25 de Julho de 2011

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